terça-feira, 29 de junho de 2010

Encerramento de Escolas e Politiquices



Estalou o verniz… Vão ser encerradas as escolas com menos de 21 alunos! Este Sócrates é mesmo mau!


Agora mais a sério.


É um facto incontestável, que a escola foi, e ainda é em certos casos um ponto de referência dos lugares mais longínquos e recônditos do nosso país. Qual de nós não conhece uma “escolinha” lá no alto da montanha, que outrora estava repleta de alegria, risos, movimento e crianças, na sua vulgar estrutura física do Estado Novo! Era tão bom ver aqueles campos pelados, cheios de crianças aos pontapés a uma bola “rota”, a fintar uma pedra e marcar golo numa baliza feita com os cadernos de matemática e um paralelo habilmente roubado da rua nova (já empedrada!). Qual de nós não levou com o chinelo da mãe por chegar tarde a casa, claro está, por ficar no campo da Escola a jogar à parede, ao mata, jogar ao “bota fora” e ao “vira pra-trás”? até mesmo por partir a “ardósia”!!!


É mesmo isso, eram outros tempos e agora os garotos só querem saber da “playstation” e dos Morangos com Açúcar! Mas este não é bem o tema que me levou a escrever aqui hoje…


Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que sou frontalmente CONTRA o encerramento de Escolas, mas apenas e só depois de ponderados todos prós e contras. Se é certo que ao nível da sociabilização uma escola com 10 alunos desempenha um mau serviço público, também é verdade que ao ter que percorrer 50km em estradas péssimas, uma criança também não está em condições de dar o seu melhor e consequentemente ser um valor futuro do nosso país! Também é verdade que as crianças devem estar o mais próximo possível das suas famílias, na sua “terra”, com os seus amigos, mas também é notório, que as ditas “escolinhas” não dão hoje em dias as mínimas condições para o bom desenvolvimento harmonioso e integral das crianças… em toda a sua plenitude!


Mais argumentos há a esgrimir acerca deste tema, todos eles com mais ou menos fundamentação, mais ou menos válidos, mais ou menos exequíveis, mais ou menos apaixonados, no entanto o que me preocupa é toda a politiquice exacerbada que se vê em torno destas questões. Reportando-me a Bragança… atente-se:


Da parte dos Municípios e Juntas de Freguesia critica-se veementemente o Governo por esta medida, no entanto questiono-me se por terras de Sua Majestade não há políticas proactivas? Se não se age, mas apenas reage… Como diz o POVO: “Casa roubada… trancas na porta”!


As escolas só são encerradas, porque não há crianças, não há população, não há gente, não há nascimentos, não há emprego, não há investimento em pessoas, não há políticas de juventude, não há incentivos à fixação de empresas e pessoas, não há mentalidade nem atitude dos líderes regionais! Há antes acomodamento, pouca visão, falta de planeamento, “paralelo” a mais e até massa cinzenta e crítica a menos! Enfim!


Recentemente a Autarca de Izeda desceu a um nível que pensei não poder a mesma descer, dado o respeito e consideração em que a tenho, no entanto, ao acusar o Coordenador Regional de colocar interesses pessoais em detrimento dos interesses da Escola onde o próprio está colocado. Cito (in Rádio Brigantia 21-06-2010):


“a proposta foi elaborada pelo coordenador da equipa de apoio às escolas que é professor efectivo em Izeda e isso leva-me a pensar que ele está com medo de voltar lá e quer garantir em Bragança o lugar de professor efectivo”.


Face a esta postura, pergunto quais foram as políticas que a mesma autarca desenvolveu no sentido de incentivar a natalidade, a fixação de empresas e jovens, os postos de trabalho que foram criados nos seus mandatos, as diligencias efectuadas no sentido de uma melhor adequação da carta educativa, qual foi o seu contributo para evitar que este encerramento fosse uma preocupação… ou só agora notou que Izeda estava a perder habitantes? No mínimo… INTRIGANTE falha!


Citando a mesma entrevista:


“Somos demasiado pequenos para nos fazermos ouvir e lutar contra uma estrutura organizada. Não sei se iremos partir para uma nova forma de luta, mas nós não vamos esquecer e no momento oportuno eu irei mostrar o meu descontentamento”


Espero que essa luta seja feita em frente à Câmara Municipal de Bragança, liderada por um Presidente da “mesma cor” política, pois esse é um dos principais responsáveis pela Centralização que se tem vindo a verificar. Centralização essa, face a Izeda, porque em relação a Vila Real, Mirandela (…) e mesmo outras cidades do Litoral, não tem sido mais do que INOPERANTE e CONFORMADO. Relembro apenas que crianças que vivem a 3km de Izeda, frequentam a escola a mais de 15km e em certos casos, a mais de 30km…


Não, não concordo com o encerramento da escola de Izeda. Não, o responsável não é o Governo, mas sim a Autarquia de Bragança e Junta de Freguesia de Izeda. Não, a população não deve ficar parada, mas avançar para o protesto. Não, não acho que uma criança de Izeda deva andar 100km por dia para ir ter aulas a Bragança. Não, não acho que Bragança justifique 2 novos Centros Escolares. Não, não posso concordar com o investimento em “paralelos” deixando as pessoas em 2º plano. Não, não posso aceitar de ânimo leve a ligeireza com que alguns políticos aproveitam casos destes para auto-promoção pessoal e intervenções mais populistas que necessárias. Não, não vislumbro melhorias, tendo em conta o actual modelo e atitudes dos Autarcas locais. Não, não vou baixar os braços na defesa daquela terra que me viu nascer.


Os tempos são outros, as exigências são outras e num contexto global, a escola deve-se adaptar as contingências que esta sociedade hodierna nos impõe! Assim sendo e tendo em conta todos os condicionalismos inerentes aos objectivos de uma Educação para o Século XXI, mudanças devem ser operadas para que se possa tirar o máximo proveito das condições de que são dotadas as escolas, no entanto, sem se por de lado o “interesse público” que representam as Escolas em certas localidades e que as mesmas distam dos novos Centros tal distância, que não justifique o encerramento das mesmas.


Fale-se do superior interesse da criança, fale-se de sociabilização, mas acima de tudo fale-se de desertificação, desemprego e desinvestimento nas pessoas!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Idiotices




Normalmente há exemplos do “senso comum” ou da “boca do povo” que servem para ilustrar o sentido e a definição de Aprendizagem. “Um burro não tropeça na mesma pedra duas vezes”, ou “tem que se bater com a testa na parede para aprender”, são exemplos típicos.


Estranhamente, com tanta sabedoria popular, tanta bibliografia, tantos séculos de sociedade, o ser Humano insiste em bater com a testa na parede, chegando a parecer ostentar a famosa “memória de peixe”.


Não sendo capazes de aprender com o passado, com os erros cometidos onde é que nos podemos agarrar, basear, apoiar na persecução e planificação de um futuro mais ou menos próximo!? Vamos ao bruxo? Vamos ouvir o Velho do Restelo? Ou estaremos condenados a andar ao “sabor do vento” ou ainda, para onde nos “levar a corrente”!?


Nunca fui defensor do que costumo apelidar de “síndrome da canhona”, ou seja, num rebanho, todas as ovelhas seguem o pastor sem discutir nem pensar por si próprias, no entanto… é uma forma de ir vivendo!


Na actualidade, somos confrontados com decisões e opções de vida e políticas entre outras, nas quais deveríamos ter algum tipo de coerência face ao que se nos apresenta, cruzando o que se sabe, com o que se chama “experiência”, com todas as pedras em que já tropeçamos, mas humanamente, não o fazemos… e o pior, é que não o fazemos com orgulho… upsssss! Afinal já há experiência nesse sentido, pois insistimos em estar “orgulhosamente sós”!


Um dos síndromes de “esquerda” tem sido esse mesmo! “Orgulhosamente sós”, não aprender com erros do passado, insistir em ser mais um, ou mais do mesmo! Assim, é necessário repensar temas, prioridades, atitudes, olhar para o futuro mas baseando essa planificação no caminho passado.


Com o aproximar de Eleições Presidenciais, este pensamento fica mais que comprovado, pois atente-se ao número de candidatos “à esquerda” e “à direita”! Na esquerda “orgulhosamente sós” e na direita o consenso, ainda que numa mera possibilidade! Não quero com isto dizer que não vai haver mais candidatos de direita, ou que deveria haver maior consenso de esquerda, quero apenas questionar os métodos e fundamentações das opções tomadas, sendo que mesmo dentro de casa, “à esquerda”, vão-se ganhando hábitos fracturantes, veja-se a questão Soares! Enfim, mais uma vez, a pedra está no caminho e estamos certos que podemos, reitero “podemos” tropeçar de novo nela!


Mas esta questão não se reporta apenas e só às ditas “eleições Presidenciais”, até porque na minha opinião… o Papel dessa figura e “símbolo do País” não passam disso mesmo! Esta problemática também se pode reportar a contextos mais pequenos, de nível local e regional onde se seguem profetas só “porque sim”, ou se criam rupturas “porque sim”. Urge repensar as bases ideológicas que orientam as tomadas de posição, urge repensar a “esquerda”, urge PENSAR!


Se o problema é a falta de alternativas... haja oportunidades!


Se o problema é falta de ideias... haja discussão!


Se o problema é o orgulho... engula-se!