terça-feira, 14 de setembro de 2010

ESTATUTO E PAPEL




Com a Socialização, o indivíduo está inserido numa Sociedade (!), onde ocupa um determinado lugar, ou posição definidas por aquilo que ele faz, aquilo que ele é, aquilo que representa, aquilo que conquistou ou recebeu, ou seja, nessa Sociedade há uma organização, uma estratificação, onde cada indivíduo tem o que se pode chamar de “Estatuto e Papel” Sociais.


O Estatuto, ou Status, é a posição que um indivíduo ocupa numa sociedade ou organização. Com esse Estatuto, a sociedade reconhece ao indivíduo a capacidade, a importância, a utilidade, o papel ou funções que esse mesmo indivíduo representa. Assim, sendo o Estatuto adquirido (o Médico, estudou…) ou seja esse Estatuto atribuído (filho de…), quem ostenta esse Estatuto, espera que a sociedade ou organização o reconheça como ta. A título de exemplo, um Médico é tratado como Doutor!


Intimamente ligado a esse Estatuto deveria não só teoricamente, estar o Papel Social que o mesmo indivíduo representa.


O Papel (Social), é então aquilo que, quem ostenta o Estatuto, deverá “dar” à sociedade que lhe reconhece o Estatuto. Ou seja, se a sociedade reconhece o Estatuto de Professor a um licenciado em ensino, o licenciado em ensino deverá ensinar, ter o comportamento que se coadune com o “título” que lhe é ratificado. A sociedade espera assim, que ao reconhecer o Estatuto, esse reconhecimento seja “usado” para o indivíduo ter um conjunto de comportamentos em prol da sociedade, desempenhando o seu Papel.


É também certo que pode haver vários Papeis desempenhados por um mesmo indivíduo, pai, médico, adepto, militante… havendo por vezes alguns conflitos entre os mesmos.


A relação saudável entre Papel e Estatuto é assim como que uma simbiose, ou uma analogia de reciprocidade entre aquilo que fazemos para a sociedade e aquilo que a sociedade nos reconhece. Havendo obviamente, alguma relação intrínseca com a estratificação da pirâmide de Maslow!


Actualmente, verifico um conflito ou mesmo uma ruptura entre estes dois termos, na medida em que cada vez mais os Estatutos são usados em benefício pessoal de quem os alardeia. Ou seja, não é por que a sociedade me reconhece como presidente, que eu devo usar esse título para tirar partido da mesma sociedade e assim obter favores ou protecção pessoal, nem tão pouco o meu Papel como tal, se deve resumir ao populismo de pagar “um copo” ou umas férias!


Este conflito verifica-se principalmente entre a classe política, logo aquela classe em quem deveriam recair mais responsabilidades de isenção e de comportamentos em prol da sociedade. Na sociedade hodierna, este conflito tem também tido algumas mudanças de definição onde o orgulho, a prepotência e alguma falta de humildade têm impedido que os Papeis não possam ser desempenhados por quem ostenta os Estatutos.


Urge rever os valores que nos movem, urge formar indivíduos capazes de serem os “seres sociais” de amanhã, impera arquitectar estratégias de formação dentro das estruturas partidárias, para que diminua o número de Estatutos atribuídos, para que os Papeis possam ser desempenhados em benefício da sociedade, para que sobranceria e desdém de quem pompeia Estatutos seja clarificada, para que os Papeis de conveniência sejam patentes e clarificados, para que a sociedade possa ser mais justa e capaz!

(e para já não vou mais longe!)