quinta-feira, 24 de março de 2011

Pavlov e Política

Por volta de 1920, Pavlov ao estudar os processos digestivos dos animais, percebeu que a saliva produzida pelos cães, com o tempo, passava a ser produzida, não só pela presença de comida, mas também pela presença de estímulos externos, que anteriormente não causavam a mesma saliva. O mecanismo do Condicionamento Clássico apresentado, baseava-se em observações feitas em algumas experiências que consistiam em alimentar um cão e ao mesmo tempo (por exemplo) tocar uma campainha. Mais tarde, só o som da campainha, estimulava o cão de tal forma a condicionar e fazer surgir o comportamento de salivar, sem a presença de comida!

O que é que isto tem a ver com Política!? Nada? Errado, TUDO.

Actualmente, a defesa de ideologias, projectos e do POVO, é suplantada pelos interesses partidários, o que é neste momento demasiado evidente, já que quer internamente, quer externamente, os partidos vão salivando ansiosamente pelo “mel do pote”.

Estes instintos básicos e primários, animalescos mesmo, vão ofuscando o que de maior interesse pode e deve ser produzido por quem tem o direito, mas também o dever de gerir os destinos daqueles que representam e os elegeram.

Atente-se que se têm visto mais avanços ao nível da estratégia política e de aproveitamento do momento “politicamente oportuno” para desencadear esta ou aquela acção, de forma a retirar proveitos eleitorais… do que avanços ao nível das estratégias de defesa do “bem comum”, do correcto investimento do erário público, em suma… do POVO!

Diz-nos o bom senso, que se devem colocar os interesses de uma população acima dos pessoais e partidários, o que não se tem verificado ao longo dos últimos tempos. Esta constatação deste facto deve-se não só ao desencadear desta actual crise política, mas também ao “salivamento” que podemos verificar, quer dentro dos partidos, quer entre partidos! Se uns já se põem a jeito para uma qualquer coligação, que já nos trouxe más experiências diga-se, outros levantam já o véu a uma ou outra disputa interna pela sucessão, sucessão essa, que é vista como um trampolim para o “pote de mel”.

As responsabilidades internas pela situação actual têm que ser repartidas por TODOS os responsáveis, sejam eles da oposição, do Governo, do PR, dos gestores, do próprio POVO… e só assumindo essas responsabilidades, se poderá olhar em frente e construir um futuro, já que a maior parte dos debates a que assistimos, a palavra “herança”, tem sido permanentemente arremessada entre bancadas! Com isto não estou a defender um Governo de Salvação Nacional, nem tão pouco o Centrão, mas sim um debate construtivo, a negociação, as cedências, os acordos…

Num curto espaço de tempo defendo:

1. Redução dos deputados da Assembleia da República.

2. Acabar com as empresas Municipais ruinosas.

3. Auditar e aferir as competências de Institutos e PPP.

4. Redução das Câmaras Municipais, Assembleias Municipais e Juntas de Freguesia.

5. Reduzir o financiamento aos partidos.

6. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado.

7. Acabar com as Administrações numerosíssimas de hospitais públicos e tornar públicos os vencimento, currículos dos Administradores.

8. Impedir a acumulação de reformas Estado/Privado, bem como adoptar o vencimento do PR como tecto máximo e de referência para TODOS os dependentes do Estado.

9. Aumentar os impostos da Banca.

10. Controlar a acção de Municípios no que concerne aos lugares de nomeação, ou “pseudo-concursos” públicos feitos “à medida”.

11. Proibir a nomeação de familiares para cargos. “Nepotismo”.

12. Fiscalizar o “regabofe” urbanístico em que Municípios encobrem milhões através de empresas fantasma e promiscuidades.

13. Criminalizar, imediatamente o enriquecimento ilícito.

14. Fiscalizar a actividade bancária para evitar novos “lehman brothers”.

15. Dotar a Autoridade da Concorrência de mais e melhores meios, eventualmente com “pontes” na PJ.

16. Impedir que Ex-Ministros possam ter cargos em empresas participadas pelo Estado ou PPP.

17. Extinção dos Governos Civis.

18. Avançar JÁ com a Regionalização.

Muito mais há para propor, muito mais há a mudar, muito mais há a defender, mas não poderia de forma alguma estar a tecer uma crítica, sem fazer algum tipo de proposta. Não é ético, não é pedagógico, não é construtivo, não é responsável usar do “bota-abaixismo”, só pela ânsia do poder, pelo revanchismo, deixando de lado algo de edificante.

Chega de salivar pela refeição, somos mais que isso!