Há já algum tempo que
tenho “abandonado” a publicação de textos no blog. A escrita mantém-se, mas a
publicação apenas agora volta e logo pelas piores razões!
O texto vai ser longo,
maçudo, subjetivo e parcial!
Em primeiro lugar devo
dizer que sou favorável à saída da MAI do Executivo, mas não sem antes saber o
resultado do imprescindível inquérito a esta (nova) ocorrência fatídica. Se a
“culpa” é dela? Nim. Se a demissão pós Pedrogão teria evitado esta nova tragédia?
NÃO. Se esta demissão vai resolver em tempo útil o que aconteceu? NÃO! Se era
inevitável? Sim.
Lembro-me bem a fase
pós “Entre os Rios” e é certo que cabeças a rolar agradam sempre aos grifos que
vivem da sangria e da capitalização populista (e popular) de controlo das
massas e tropas. Mas afinal… se um dos maiores Impérios de sempre teve a decimazione
porque não poderemos ter nós as nossas “tradiçõezinhas”. Mas mais uma
vez, concordo com a saída da MAI. Convenhamos que também não conseguiu fazer
uso de uma das maiores armas de um político… “a palavra”!
Adiante e porque não
rezamos o suficiente para que a chuva chegasse a tempo…
Na minha humilde
opinião, penso que TODOS somos responsáveis pelo que se passou, quer por
ignorância, por inação, por conivência, por comodismo, por estupidez e em
última instância por ilegalidade… TODOS!
Para não me alongar
(ainda mais) e tecer comentários acerca do aquecimento global (por exemplo) vou
“apenas” centrar esta reflexão (sim, ainda nem comecei) em 4 partes. Pré Incêndio,
Incêndio, Pós Incêndio e Organização, farei claro, uso de linguagem “corrente”,
vernáculo e alguns regionalismos evitando ao máximo a utilização de termos
“mais técnicos”!!!
1 - Pré Incêndio,
prevenção ou preparação. Esta é certamente a fase mais importante e a menos
querida, quer a nível financeiro dos Orçamentos de Estado, quer pelo trabalho
de proprietários, Estado e população em geral, quer pelo acomodamento de
instituições e costumes que se perderam ao longo dos tempos… afinal… “em casa
roubada, trancas à porta”. A casa foi roubada, agora é tempo de agir! LIMPEZA,
VIGILÂNCIA, MULTAS, ABANDONO, ORGANIZAÇÃO…
1.1
- Nesta fase seria de suma importância
proceder a uma correta e eficaz LIMPEZA das florestas até eventualmente tirando
proveito dos resíduos ao nível da produção de energia com a “queima” dos
mesmos… Biomassa “grátis”!?
Para esta LIMPEZA penso que deveriam ser convocados TODOS os Portugueses, claro
que com importância e intervenção diferenciada, a saber:
-
Bombeiros, Militares, Reclusos, beneficiários RSI, desempregados (subsidiados),
empresas e finalmente a população com um “banco de horas”.
Bombeiros;
Não posso aceitar que se fale de incêndios apenas em agosto… é imperioso que os
Bombeiros sejam convocados para a limpeza das florestas, pois afinal, são eles
que melhor conhecem os “pontos críticos”, o terreno e assim o próprio
levantamento de necessidades será mais claro e efetivo.
-
Militares; É também nesta fase e limpando as florestas que os Militares podem
(e devem) pois afinal “Contribuir
para a segurança e defesa de Portugal e dos portugueses” é um lema bem
patente e apregoado em diversas ocasiões! É ainda conhecida a
“disponibilidade”, quer de Recursos Humanos, físicos, materiais e
organizacionais de que os Militares
dispõem.
-
Reclusos; É sabido que os Reclusos, para o serem, é porque têm algum tipo de
dívida para com a Sociedade e que enquanto o são, é a própria Sociedade que
providencia para que possam ter “cama, mesa e roupa lavada”… Limpar valetas,
limpar mato, limpar caminhos, executar “zonas de segurança”… enfim… um sem
número de trabalhos que podem e deveriam ser levados a cabo em prol da
Sociedade por quem hipoteticamente está a ser “sustentado” pelo credor! Estou
ainda certo que muitos preferiam este cenário à reclusão total. Tem custos? É
difícil agilizar? NÃO… difícil é ligar a CMTV e ouvir que morreram centenas de
pessoas! Também ao nível da reinserção poderia este ser um passo a dar.
-
Beneficiários do RSI e benificiários do subsídio de desemprego; Sem entrar em
grandes discussões acerca do RSI, que teve um excelente conceito que ora vejo
subvertido, penso que tal como Militares e Reclusos (financiados pelo
Contribuinte) deveriam dar o seu contributo, rentabilizando do ponto de vista
Estatal, o pagamento efetuado.
-
Empresas; Todas as empresas, principalmente aquelas que direta ou indiretamente
sejam beneficiárias de apoios estatais têm a de alguma forma de contribuir para
o combate “pré incêndio”, nem que seja apenas com o fornecimento de refeições,
meios de transporte, equipamentos para aqueles Recursos Humanos que estariam no
terreno a efetivar a limpeza das florestas. Casos como a PT, EDP, Brisa, EP são
apenas alguns casos que não sendo obrigadas por lei, têm a obrigação de
colaborar. Algumas delas diga-se, estão até eventualmente ligadas aos trágicos
acontecimentos…
-
População; Não me escandaliza de forma nenhuma, que das quase 9000 horas que um
ano tem, um Cidadão (com letra maiúscula) esteja impedido de doar 5/6 horas do
seu ano para ajudar na limpeza das florestas e/ou na vigilância (que mais tarde
abordarei). NÃO É NO FACEBOOK com lacinhos na foto de perfil que se ajuda a
superar as falhas de um País… NÃO É NO TWITTER que um Bombeiro consegue ao fim
de 4 horas (era assim antes, agora não sei!) tem uma refeição revigoradora e
decente… NÃO É NAS REDES SOCIAIS que fazemos a diferença…
1.2 A VIGILÂNCIA, tal
como a Limpeza, pode chamar a si a participação dos intervenientes que falei
anteriormente, Bombeiros (que já fazem), Militares (e forças militarizadas),
RSI, Desempregados, Empresas e População. Neste caso, eu excluiria a
participação dos reclusos.
-
Bombeiros; fazem fizeram e farão sempre vigilância, talvez os moldes em que é
feita possa ser melhorado com o registo de saídas de vigilância numa “time
line” que possa mais facilmente ser verificada e porque não, á imagem da PSP,
fazer a vigilância de proximidade e visível de forma pública. Hoje sabemos
alguns pontos onde vão estar alguns radares! É também nesta fase, que os
Bombeiros devem relatar às autoridades, Juntas, Câmaras… o estado em que se
encontram caminhos, culturas, pontos de água…
-
Militares; Ninguém tem quadros melhor formados e preparados para fazer
vigilância, quer pelos recursos materiais que tem disponíveis, quer pela
formação específica que têm ao nível da capacidade para, ao contrário dos
Bombeiros, “ver sem ser visto”!
-
RSI e Desempregados, tal como na Limpeza e os que não têm capacidade física
para esse tipo de trabalho, podem sempre colaborar na Vigilância. Estar sentado
a olhar para o mato não me parece difícil. Tenho conhecimento de que grupos de
escuteiros, alguns bem jovens têm este tipo de colaboração…
-
Empresas; e tal como na Limpeza pergunto: Não terá a (ex) Corticeira Amorim
capacidade para oferecer uma sandes de fiambre a 5000 pessoas que se
voluntariem para fazer limpeza das florestas numa semana? 5000 X 0,50€ = 2500€.
2500€ X 7 = 17.500€ e assim está paga a “buxa” de 5000 pessoas que vigiam ou
limpam a floresta durante 7 dias… e a sandocha não custa 0,50€, porque custa
menos!
-
População; a mesma participação que citei anteriormente, sendo que a Vigilância
pode (tal como RSI) ser efetuada por pessoas com menos aptidões físicas. Sei de
pelo menos um caso de uma pessoas em cadeira de rodas, que TODOS os anos é
voluntária para fazer este trabalho de vigilância. Como ele diz… “ando aqui para
me sentir útil, chega a côdea, porque a bebida trago-a eu de casa”!
1.3
ABANDONO. Não só o abandono dos
terrenos, onde a giesta prolifera atingindo alturas mais elevadas que a
macieira, mas também o abandono da aposta nesta fase de prevenção. O Estado tem
aqui uma grande parte de responsabilidades, uma vez que também é proprietário
de vastíssimos terrenos deixados ao abandono ou “ó relaixo”… o Exemplo tem de
vir de cima e neste caso, não está minimamente a vir! Se o estado não se
considera capaz de gerir as suas posses, que se declare incompetente para tal,
ou que incentive a aposta e investimento nesses terrenos. Cabe também ao estado
dotar as instituições dos materiais e recursos necessários para a boa fase de
“pré incêndio” fazendo com que esta seja retardada ao máximo.
1.4
ORGANIZAÇÃO. Este será o ponto
“transversal” onde mais haverá a dizer, mas vou tentar ser conciso:
- A extinção da figura
do Guarda Florestal veio a fazer com que fosse mais fácil ao prevaricador
(doente ou não), iniciar um incêndio. Seja essa ignição por doença, por queimar
umas silvas, pelo lançamento de foguetes, pela “beata”, por razões financeiras
(madeira), por motivos passionais (vinganças)… era também esta figura que
relatava as condições de acesso a zonas de potenciais perigos e estado das
mesmas.
- A aposta “cega” no
negócio da madeira deixando a cultura de espécies folhosas autóctones de lado,
pois o negócio tarda em gerar lucro e os planos de ordenamento do território
são sempre bonitos e descontinuados de ciclo em ciclo eleitoral!
- A falta da renovação
de aposta (ou por diretivas Europeias ou por simples falta de apoios) na
Agricultura, pastorícia, pecuária… atividades que mantinham (em parte) a
salubridade florestal.
- O balizamento “cego”,
mais uma vez “cego”, da definição das fases das épocas de incêndio, descurando
à cabeça uma série de recomendações, não do “Seringador” ou do “Borda d’água”,
mas do IPMA! Uma “saída” desta última fase de forma parcelar podia ser mais
eficiente, apesar de ter custos!
- A falta de visão na
dotação dos meios necessário às Corporações de Bombeiros, na distribuição dos
meios no mapa territorial, na parca gestão dos contratos e recursos ao nível
dos meios aéreos pesados de combate.
- A formação… sempre a
falta de formação de quem de direito (e não estou apenas a falar da ANPC!
- A falta de aposta em
campanhas de sensibilização, que só aparecem quando a procissão vai a meio… É
necessário ir às bases, às escolas!
Muito
mais haveria ainda a abordar nesta fase, mas aqui já diz que ultrapassei as
1600 palavras e sei que 99% dos que iniciaram a leitura, já desistiram, por isso
passemos à 2ª fase, o INCÊNDIO propriamente dito.
2
– O incêndio é aquela fase em que a
supostamente tudo o que falei anteriormente falhou. Agora é “água e rezar”… ou
não!
Nesta
fase é importante chegar rápido ao incêndio numa 1ª intervenção forte e capaz
(1ª INTERVENÇÃO). É também de suma importância que existam MEIOS suficientes e
adequados ao combate. A COMUNICAÇÃO é como em todas as organizações de vital
importância para o bom desenvolvimento dos trabalhos a realizar. A GESTÃO de
recursos é ainda importante nesta fase, quer ao nível do combate direto, quer
ao nível da organização dos recursos. A ORGANIZAÇÃO… mais uma vez… a
organização…