quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Significâncias


O que escrevo e digo? O que quero dizer e porque o digo? Para quem o digo? Será que a mensagem chega?
Cada sociedade tem as suas tradições, usos, costumes, linguagens, meios, métodos…
Cada aglomerado populacional tem as suas histórias, festividades, regionalismos…
Cada família tem as suas vivências, hábitos, rotinas, falas…
Cada agregado familiar tem a sua prática, costume, estilo…
Cada pessoa tem a sua identidade, gostos, humor, genes, cicatrizes…
Assim, será que o que a minha vizinha diz é aquilo que eu compreendo?
Será que entendo a festividade da aldeia confina?
Perceberei os costumes usuais que se realizam do outro lado do mundo?
Estão as minhas opiniões de ontem em congruência com as de hoje?

O que é certo é que cada um de nós influenciado pelo que vivemos, mas na minha opinião principalmente pelo que não vivemos, somos influídos a criar uma linguagem própria. Linguagem esta que só é “descodificada” quando a mensagem chega à pessoa, ou pessoas certas.
De que me serve dizer a um amigo que está a chaparrear, ou que as canhonas estão no tagalho? Se um “bou pá lha” não “verga a espinha”, como devo eu dizer o que quero?
Muito do que escrevo só tem sentido quando lido pela pessoa certa, pois alguns tiques presentes, para muitos não são mais que obscenidades literárias, mas serão?
Vejamos, quem me garante que no quadro “a última ceia” o autor queria transmitir esta ou aquela ideia? Quem pode afirmar que Camões com “os Lusíadas” queria expressar o que ensinamos aos nossos alunos nas escolas? Ele disse que devia ser assim a interpretação do texto? Será a “Bíblia” tão diferente do “Corão”? Para uns morrer com quilos de explosivos na cintura é uma honra, para outros matar milhares com uma bomba é símbolo de dignidade. O que para mim é doce, para ti pode ser ácido. Se eu não como cão, tu não comes vaca. Assim sendo e com a distância geográfica, com as diferentes linguagens e vivências, sem contacto directo, como é possível cada qual tirar as ilações que mais lhe convêm acerca disto e daquilo?
Adoro esta música, porque para mim tem este significado, escrevo estas linhas porque sei que para alguém elas terão o devido sentido.
Posso não perceber as determinações que movem um eremita, mas sei que alguém compreenderá. Podes não perceber o que hoje escrevo, mas alguém compreende, ou algum dia compreenderás! Se não compreenderem, não faz mal, até porque o Saramago ganhou um Nobel e ninguém percebe nada do que ele diz!

1 comentário:

Monica disse...

Deixa lá Castiço! Eu sou tua amiga e percebo transmontanhês! Sei que também percebes madeirense e é o k interessa!