Bonecada?

Desde cedo que tenho uma afeição especial por essa Banda Desenhada criada em 1959 por Albert Uderzo e René Goscinny. Consta-se que até à data foram lançados 33 álbuns traduzidos em mais de 100 idiomas.
Panoramix, Abraracursix, Assurancetourix, Ideiafix, Cétautomatix, Ordralfabetix, Bonemine, são algumas das personagens que acompanham o herói ASTERIX e o seu fiel amigo Obelix, também o motivo deste post…

Obelix, a minha personagem preferida, é um pedreiro/escultor, que quando não está a “malhar” em Romanos, a comer javali ou a tentar sacar poção mágica ao Druida, está a bater pedra, esculpindo os seus “menires”, dos quais é usual trazer um com ele…
Este peculiar habitante daquela pequena aldeia habitada por irredutíveis gauleses e rodeada pelas guarnições de legionários romanos nos campos fortificados de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum, como dizia eu… este peculiar ser balofo, que prima pela pouca “inteligência útil”, sempre de “riscas verticais”, desperta em mim um sentimento estranho que me transporta aos nossos dias, ou á sociedade hodierna, já que se conseguem vislumbrar por aí imensos Obelix… Como eu vinha dizendo, o Obelix não prima pela inteligência útil, ou seja, tem a sua inteligência própria e particular, mas dela pouco ou nada se pode aproveitar para fazer algum sumo. É também o que se pode chamar de “pau mandado” pois raras são as vezes que se vê ter uma iniciativa que seja, para além de comer javalis ou esbofetear Romanos. Como personagem insciente e até mesmo marioneta que parece ser, o seu trabalho de “partir calhau” é dos mais indicados, pois é bom no que faz mas apenas no que faz, resguardando-se “inteligentemente” nas costas do seu amigo Asterix no que toca á matéria de pensar!

E é por aqui que se entende a razão porque o Obelix dificilmente tomará de assalto as funções de Abraracurcix (o chefe da aldeia)… também não vislumbro qualquer hipótese deste ter sucesso noutras funções como as de ferreiro, peixeiro ou druida, apesar de peixeiro… até porque sempre que há uma qualquer luta ou barafunda, lá vai ele feito peixeiro para o “montão”…

Voltando atrás… o Obelix parece-me uma personagem adequada e actual na sociedade de hoje, pois o que não falta por aí são Obelix extremamente competentes a partir pedra, marionetas de “seres superiores” e ainda assim, felizes da vida em busca de mais um javali!

Como exemplo de Obelix posso dar um treinador de futebol…
- O treinador Obelix chega á sua nova instituição/clube e qual é a 1ª coisa que faz? Come um javali… ou melhor… trata do(s) “tachinho(s)”…
- E a 2ª coisa? Vai esbofetear Romanos… ou melhor… escolhe um alvo e “bate” nele como forma de demonstrar a sua ruptura com o treinador e trabalho anterior…
- 3ª tarefa? Trata de partir pedra na pedreira e esculpir um menir para oferecer à sua amada… ou seja… Puxa dos seus galões e dá “2 de letra” para conseguir o protagonismo que o alimenta!
- 4ª tarefa… Tenta enganar/roubar poção mágica ao Druida…ou… Põe-se “a jeito” para cobrar os louros de outros treinadores e do trabalho realizado… (esta parece feita à medida do Scolari!)

- 5ª, 6ª, Sábado e Domingo… Onde quero eu chegar com isto? Hummmm… não tem nada relacionado com futebol, mas é uma metáfora repleta de simbologia irónica que em comparação me parece ser um eufemismo sarcástico de um paradoxo interessante…

Afinal porque é que eu tinha essa simpatia pela figura do Obelix? Hoje em dia como seria ele? Usaria riscas verticais?