quarta-feira, 6 de junho de 2007

Descartável


Adjectivo, algo que se deita fora após utilização.
Procurei um título mais sugestivo, “descartabilidade” ou algo parecido, mas como tal locução ou vocábulo não existem e a ideia é a mesma, descartável serve…
O que existe hoje em dia que não seja descartável? Carros e pastilhas elásticas, casas e pessoas, ideias e paixões, vontades e sapatilhas, pinturas e rins… enfim, não encontrei nada que pudesse eventualmente não ser descartável. Cheguei lá perto, por exemplo, o coração não é directamente descartável, mas como as pessoas o são… Outro exemplo é a vida humana, mas após uma meditação mais “globalizada”, chego á conclusão que afinal a vida também é descartável… Afinal existe algo que não seja descartável?
Como não encontro nada que não o seja, proponho algumas mudanças de fundo de forma a aproveitar o que é descartável, apostando na reutilização e reciclagem. Podemos reutilizar por exemplo, o cérebro do Sr. Bush para criar fertilizantes…
Agora a sério… com tão pouca quantidade só conseguíamos fertilizar um manjerico, por isso retiro a proposta!
Vamos então ao que interessa…
Porque é que nos “apegamos” tão facilmente ás coisas e mais facilmente nos descartamos delas? Falsos apegos? Falsos sentimentos? Falsas necessidades? Falsas ilusões? Falsas novas ilusões com novos falsos objectos e sentimentos? Falsos… falsos FALSOS!!! A questão é a palavra falsos, pois as expectativas, sentimentos e vontades que criamos são de tal modo influenciados por modas, apetites e outras questões derivadas da questão que tudo o que podemos fazer ou pensar é descartável, ou na melhor das hipóteses moldável de tal modo que o que era já não é e ainda é de tal forma condicionado que pensamos nunca ter sido! Como alguém disse: “ se acreditarmos numa mentira com muita força, convencemo-nos que essa mentira é verdade”! O mesmo se passa com futilidades e utilidades, pessoas e sentimentos, objectos e ideais, afinal, hoje em dia quase tudo é virtual, tudo existe potencialmente (ou não!), tão fácil é a sua criação e utilização com o seu “delete”!

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